##CARPE DIEM##

Não venha dizer-me que sou inconstante.

Nem que voou mais do que minhas asas suportam.

Mas conte-me que ainda há muitas linhas a serem escritas.

Por essas e outras que guardo com carinho este endereço no WordPress e seguirei escrevendo em outros ares.

 

Leiam-me por lá também.

http://psiquewat.blogspot.com.br/

 

Para que convém a arte?

 E por que algo emociona mais a nós do que há outros?

Será que cada um apreende de uma forma distinta e este processamento está ligado intimamente à cultura, experiências pessoais e ideologias?

Estamos ensaiando situações através de obras?

A réplica pode ser um sim na teoria, mas o que realmente seu coração responde?

Às vezes esqueço o motivo de gostar tanto de um trabalho artístico e depois quando “reencontro” com está arte fica tão claro os motivos.

 

É como me sinto com o que Celine  (personagem de um filme) diz:

“…por que sempre sinto que sou anormal por não conseguir seguir em frente.

As pessoas têm um caso, ou até relacionamentos terminam e esquecem tudo. Muda como  trocam de marca de cereal.

Sinto que não esqueço as pessoas com as quais estive porque  cada uma tem qualidades específicas. Não dá para substituir ninguém. O que foi perdido está perdido.

Cada relacionamento que termina me magoa. Nunca me recupero.

Por isso, tenho cuidado quando me envolvo com alguém, porque dói demais.

Eu evito até transar porque vou sentir saudades de coisas mundanas daquela pessoa.

Tenho obsessão com pequenas coisas.

Talvez eu seja louca, mas, quando eu era menina minha mãe me disse que eu sempre chegava atrasada à escola.

Um dia, ela me seguiu para saber o motivo. Eu ficava vendo as castanhas caírem das árvores e rolarem na calçada ou as formigas atravessarem a rua ou a sombra de uma folha num tronco de árvore.

Coisas pequenas. Acho que com gente é igual.

Vejo pequenos detalhes específicos de cada coisa que me comovem e sinto saudades deles depois.

Não se pode substituir ninguém porque todo mundo é uma soma de pequenos e belos detalhes.” (Before Sunset)

Celine

  Eu vou contar uma história de amor.

  Eu vou contar uma história com um final triste….

  É a história do meu nome, ou melhor, da criação do nome Vanessa.

  Essa é a narrativa de uma Mulher chamada Esther, que esteve entre duas almas predestinadas por Eros a ficarem juntas.

  Ele, o escritor Jonathan Swift ( Autor do Livro “As Viagens de Gulliver”).

 Ela, a dona do coração dele, a musa Stella.

   A reviravolta acontece  quando Esther descobre que seu amor antes correspondido por Jonathan não seria mais consumado. Então envia uma carta a Stella expondo  seu antigo envolvimento com o amado.E  Este num ato de aborrecimento e paradoxalmente respeito escreve a ex-amante um poema intitulado “Cadenus & Vanessa” , se despede dela sem uma palavra  jogando aos seus pés este poema,  no qual preserva a intimidade dos antigos namorados através destes codinomes.

  Um final triste para Esther que acabou fenecendo alguns meses depois.  Mas o que posso dizer é que desse amor não duradouro surgiu este nome. Muitas “Vanessas” reconhecem seu nome como de origem Holandesa, e que também denota um gênero de Borboletas, mas antes de tudo é ligado a Esther que significa Estrela.Significa também que de uma forma ou de outra ela inspirou o seu amado.

  Aqui vai um trechinho do poema:

” … E disse: “Vanessa é o nome
Por que hás de ser conhecida pela fama;
Vanessa, pelos deuses inscritos:
Seu nome sobre a terra – não deve ser dito “.
Mas ainda assim a obra não estava completa,
Quando Vênus pensou em um engano:
Atraída por suas pombas, ela voa embora…

   Nelson Rodrigues é um homem que dispensa apresentação ,mas quando se fala do Teatrólogo. Já do cronista é preciso apresentá-lo como o polêmico e mordaz, mas nem por isso deixa de ser delicioso ler cada linha dos seus escritos.
 
O livro “O óbvio Ululante – primeiras Confissões” é uma coletânea de suas crônicas do ano de 1968. Ler suas linhas nos faz viajar e conhecer personagens da época.
Deixo aqui uma dose da sua genialidade.


Sapos e Pirilampos Ululantes

Nelson Rodrigues

Chego à redação e o contínuo vem avisar: — “Telefona­ram para ti”. Estou tirando o paletó: — “Homem ou mulher?”. E o outro: — “Homem”. Ponho o paletó na cadeira: — “Dei­xou recado?”. Não, não deixara. Sento-me. Um telefonema anô­nimo é uma janela aberta para o infinito. Já num começo de an­gústia, imagino quem seria, quem? Podia ser o alfaiate, ou o lei­teiro, ou o açougueiro, ou o Chico Buarque de Hollanda.
Passei em revista todos os meus amigos e todos os meus inimigos. E, de repente, ocorreu-me uma hipótese inusitada: — e se fosse o rei Gustavo, da Suécia? Na Suécia, há sempre um rei Gustavo, um rei Gustavo que joga tênis. Não governa, mas joga tênis. E, por um momento, com imenso deleite, sonhei com o telefonema real.
E, súbito, volta o contínuo, esbaforido: — “Telefone. É o cara”. Saí tropeçando em mesas e cadeiras. Agarro o aparelho: — “Alô? Alô?”. Ouço a voz: — “Nelson Rodrigues?”. Confir­mo: — “Sou eu”. E pergunto: — “Quem fala?”. Ia desfazer-se o mistério insuportável. A voz respondeu: — “Vladimir Palmei­ra”. Cavou-se, então, no telefone, uma pausa abismai.
Fui, por uns dez segundos, o sujeito mais espantado da Ter­ra. Vejam vocês: — minutos atrás, imaginara eu o telefonema do rei Gustavo. E eis que a realidade ultrapassava, de muito, a fantasia paranóica. (De fato, nem rei de baralho telefona para mim.) Vladimir Palmeira era muito mais insólito do que qual­quer Gustavo passado, presente e futuro. Como que rachado por um raio deslumbrante, solucei no telefone: — “Vladimir? Mas oh! Eu não mereço tanto!”.
Abro um breve parêntese. Como se sabe, estão invertidas as relações de jovens e velhos. Hoje, um ministro, ou profes­sor, ou sacerdote se dará por muito feliz de servir cafezinho e água gelada à juventude. Outro dia, passou por nós um jovem de peruca e costeletas. E um velho catedrático o lambeu com a vista. Eis o que me perguntava: — e por que o Vladimir fazia a mim, um velho trôpego, a concessão surrealista de um telefonema?
No caso de Vladimir, não era apenas “O Jovem”, era tam­bém “O Líder”. Desmanchei-me: — “Quanta honra”. Exage­rei, e o confesso, a minha subserviência. (Eu estava me sentin­do o próprio contínuo das Novas Gerações.) Vladimir começa­va a falar: — “Nelson, preciso de um favor teu”. Interrompi-o tumultuosamente: — “Você manda, você manda!”.
Tratava-o por “você” com escrúpulo e dúvida. Sim, eu es­tava temeroso de um passa-fora, Vladimir cria um suspense e faz o pedido: — “Preciso que você faça comigo uma ‘entrevis­ta imaginária’ urgentíssima! Entende?”. Arremessei-me: — “Quantas quiser! Hoje mesmo! Quer hoje? Será hoje!”. Ele já se despedia: — “Combinado”. E desligou.
Dessa vez, fui mais cedo para o terreno baldio. Reuni mos­cas, pirilampos, gafanhotos, sapos e fiz-lhes o apelo: — “Comportem-se! Vem aí ‘O Jovem’! Comportem-se!”. Chamei também os faunos e as ninfas que fazem seus idílios nos terre­nos baldios. Falei como não o faria melhor a própria Bernarda Alba: — “Tomem juízo! Ou vocês não receberam educação se­xual?”. Também os faunos e também as ninfas prometeram um comportamento estritamente familiar.
Finalmente, chegou Vladimir Palmeira. Meia-noite em pon­to. O papel picado caía como neve de Papai Noel. E o líder en­tra de chapelão e capuz de Michel Zevaco. Só não entendi o bi­gode de cossaco. E, então, o Vladimir explica: — “Pedi empres­tado o bigode do Hugo Carvana. Estou despistando. Se me vis­sem contigo, que diriam os liderados?”. Achei aquilo de uma clarividência estarrecedora. Disse-lhe: — “Você é vivo, hem, Vladimir?”. Em seguida, perfilei-me e disse: — “Estou às suas ordens”.
Vladimir ia começar. Súbito, viu a cabra vadia que, adian­te, comia o capim, isto é, comia o cenário. Toma um susto: — “Essa cabra é de confiança?”. Tive de jurar que não era do DOPS. Uma última dúvida lhe corroeu a alma: — “Vê lá, vê lá!”. Novamente, dei-lhe a minha palavra: — “Cabra de bem! Cabra de bem!”. E, então, o líder falou.
Disse: — “Vim aqui pedir”. Imaginei que fosse pedir des­culpas pelos 2 mil anos da Igreja. No momento, os sacerdotes, os intelectuais, os arquitetos, os cineastas, os artistas plásticos, os professores, todos, todos pedem desculpas pelos dois mil anos de Igreja. Mas não era isso. Vladimir continua: — “Nel­son, não me elogia mais! Nunca mais!”.
O meu espanto assumiu proporções quase dolorosas: — “Como? Como? Não elogiar a quem e por quê?”. Nos comícios estudantis, Vladimir é de uma pura, exata, imaculada objetivi­dade. Dessa vez, falou com rompantes de um Tartarin: — “Seu idiota! Seu elogio é, na minha vida, uma mácula. Entende? Fisi­camente, uma mácula. Depois do seu elogio, tive que tomar um banho! Tive que me esfregar com palha de aço! Está proibido de me elogiar! Proibido!”.
Na minha confusão trágica, eu já não ousava nenhuma inti­midade. Chamei-o de “Excelência”, de “Excelentíssimo”. E esse tratamento de envelope apaziguou a sua fúria. Reconheceu mes­mo que se excedera: — “Desculpe a minha exaltação. Mas vo­cê não imagina. Você é o reaça. Mais um elogio de você e eu caio do cavalo”. Crispado de vergonha, limitava-me a repetir, obtusamente: — “Excelência, Excelência!”. E disse: — “Não tive a intenção! E nem pensei que…”.
Foi aí que a cabra se intrometeu: — “Um momento, um momento”. Paramos. A cabra vira-se para mim: — “Faz o se­guinte: — escreve um artigo xingando o Vladimir. É a solução!”. Vladimir exulta: — “Isso mesmo! Luminosa idéia! A senhora é uma George Sand!”. A cabra baixou a vista, rubra de modéstia. E tinha mesmo um ar de George Sand sem Chopin. Vladimir me agarra: — “Escreve o tal artigo. Me xinga de todos os no­mes. Diz que eu sou o último, o último dos… Diz o que você quiser. Contanto que não me elogie”. Ainda quis objetar: — “Mas eu o admiro, eu o admiro!”. O Líder zangou-se novamen­te: — “Elogios, não admito!”. E, mudando outra vez de tom, com ardente humildade: — “Põe isso na tua cabeça. Tem uns quinhentos sujeitos, na classe, querendo ser líder. E cada vez que sai meu nome no jornal, querem me comer vivo. Os con­correntes me acusam de vedetismo. Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, sou uma prima-dona, mas não posso parecer prima-dona”. Vira-se para a cabra: — “A senhora me entende?”. E a cabra: — “Vladimir, pra mim você é um livro aberto!”. A entrevista imaginária chegara ao fim. Eu e a cabra fomos levar o líder ao táxi. E, quando ele partiu, foi patético. Os sapos, pirilampos, gafanhotos, corujas berravam como nos comícios do Brigadeiro: — “Já ganhou, já ganhou!”.

[6/7/1968]

Dança, Salomé, a tua dança

Que ao teu pedido todo rei é cego

Salomé, dança a dança tua

Que a ti qualquer cabeça entrego

Dança a tua dança, Salomé

Que por ti eu também perco a cabeça

Salomé, dança, dança, Salomé

E que de ti eu jamais esqueça

 

                                         Marcley de Aquino

Estrada

vou andando romântico e macambúzio

cheio de idéias velhas

e sobrenomes antiqüíssimos


é esta uma das formas de dizer adeus


Horácio Dídimo (Livro A palavra e a PALAVRA)

Um Duelo de samba servindo de inspiração para outro poeta que não da vila.

 

Te avistei vestida de frestas

A festa era minha, sonhei

Uma morena assim

sambando nas nuvens

bailando os cabelos

não tem zelo por mim

abusa do que tem

suas curvas aumentam

meus braços lamentam

não alisar tua cintura

a esta altura

já perdi o domínio

viro menino

perco o rebolado

mãos no bolso de um Jeans desbotado

minha língua beija a imagem

oh, desejo teu cheiro

e esse molejo sacana

Você nem imagina que me já ama

samba sem dó nem piedade

quanta maldade

essa morena tirou meu prumo

desviou minha estrada

no salão feito avenida

que mulher atrevida

vem, atropela meu mundo

se preciso, eu apelo

fico até de joelhos

amor é sem vergonha

desejo o teu absurdo

e fico mudo vendo teu remelexo

me deixo navegar em vão

sob o som do violão, reco-reco, surdo e cavaquinho

te fantasio destino

vem, mulata

vem sem pena

e me mata sem tino e ávida

ainda morro disso

dando graças à vida…

(aluisiomartinns)

Velhas paredes se desmoronam depois de serem pintadas.

Como se não pudessem mais falar.Como se Ruínas também não contassem estórias de belos copos vazios, de mãos um dia realeza, agora trôpegas, bêbadas de feitiços imperiais que vitimam sempre no último minuto de sombra.

Reminiscências de um sorvo…

Ah!

Agora há brilho. Passou a nuvem.

Vêem a luz desta lembrança?

Sentem a magia trazida pela chuva?

É a libertação… Um Alvará Lunar!


Wanessa Araújo Papillon

Madame MimiEla disse Adeus.

Desceu do salto.

Tirou o figurino.

Esquivou-se do cenário.

 

Com uma flor na cabeça.

Um som de jazz ao ouvido.

Lembranças de luas iluminadas,

De sinceridades fatais ao juízo.

 

Na ribalta, vemos a seiva que jazeu.

Um circo expira,

O silêncio se instaura

A vida anseia.

 

Wanessa Araújo “Papillon”

Uma criança metafísica de muitas asas. Dividida entre o palco e a realidade, Entre a ilusão e a poesia.

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Paradoxo Ambulante. Borboleta de muitas asas.Uma Atriz.